quinta-feira, 5 de abril de 2012

Elano é sinônimo de vitória, no engenho e na bola.

Elano é sinônimo de vitória, no engenho e na bola.

Dos canaviais ao estrelato porque na pequena Iracemápolis não coube talento imenso. Serviria este texto como forma de homenageá-lo?
Artigo este destinado em favor de alguém que hoje é colocado a prova, no entanto quem o acompanha ao longo de sua trajetória futebolística jamais duvidou do Coringa da Vila. Um humilde filho de cortador de cana é de fato persona anônima neste país com olhos voltados as grandes metrópoles e se disserem hoje que a cana de açúcar já foi o grande negócio do país na Colonização, poderiam até questionar, por não conhecerem a nossa História ou não se interessarem por ela. Pela cana escravizaram os índios e não contentes com a tal produção, iniciou-se a escravidão dos negros e após a Liberdade dos negros, ganhou a vez os imigrantes que vieram para embranquecer o país em uma política racista adotada no inicio do século passado. Este país viu-se índios perder suas terras, negros e brancos, da foice e da bola e por ora esconde-se as glórias aos louros da próxima vitória ou da próxima safra. Ah a hipocrisia interna de gente do samba e do engenho de cana!
Ao que me parece entramos em uma derrocada fantasiosa ao qual se necessita sair vitorioso ao fim do campeonato, ano após ano e se a torcida não soltar o grito de campeão em um campeonato que seja de suma importância, faltarão fãs e surgirão dúvidas. Alguns profissionais da imprensa esportiva dão ênfase ao futebol estrangeiro, completa “heresia”, e se isso ocorresse nos anos 60, talvez, seria repensado o nosso futebol, mas nós não temos pensadores como antes e hoje qualquer reflexão em torno do futebol mercadológico é dada a relevância descabida.Talvez o grande negócio que é hoje o futebol brasileiro fará deste jogo cada vez mais previsível onde se olha primeiro a propaganda, depois o escudo da camisa e dão mais importância a audiência de TV do que se tem para ver.
Pois bem, gente de bem, eu volto ao Blumer porque é dele a quem devo este artigo, até porque eu não posso me esquecer de um ídolo do alvinegro das praias, aquele que no inicio da sua trajetória sofreu com as críticas da torcida, não sucumbiu aos rojões atirados em sua direção pela própria torcida, nem mesmo a perdas de campeonatos. O Elano resistiu firme até o ano em que ajudou ao time de Vila Belmiro a sair do calvário, pois em 2002 o fardo pesado saiu das costas do santista.
Este já foi lateral, meia e volante, primeiro atacante, ponteiro, inclusive centroavante e se hoje não tem o devido o reconhecimento, deve-se ao baixo nível de paixão de torcedores contemporâneos. São os mesmos torcedores que ousam em torcer para o Santos e um time europeu. E como é entediante saber que um jovem brasileiro é torcedor de um time europeu.
Lembro-me de um jogo em que eu estava ouvindo atentamente, jogo este que o Santos era o adversário, Vasco da Gama contra o Peixe. Eu ouvia pela rádio AM e um torcedor do Vasco berrava na beira do alambrado. “Elano, Elanooo, Elanoooooo, tu é ruim, tu jamais irá para Seleção”. Jamais saiu da minha cabeça tais berros e quando o Coringa chegou a Seleção eu lembrei-me daquela partida ao qual eu ouvi pelo radinho AM.
Eu não posso me esquecer jamais do fim do nosso jejum de títulos. Estava lá, quem vos escreve naquela tarde no Morumbi e confesso que eu não consegui assistir ao jogo com a devida atenção, porque aquele clássico valia mais que qualquer decisão. Aquela decisão valia lágrimas de uma imensa paixão ao Alvinegro de maior expressão, onde do outro lado estava um grande adversário, com um grande elenco, sem o peso do jejum de títulos e do nosso lado estavam os meninos de ouro. Até o gol do Elano, tudo estava indefinido, pedalamos, jogamos e deixamos jogar, mas quis o destino fazer do filho do cortador de cana um dos heróis da conquista.
Sugiro que algum santista da nova geração respeite os seus ídolos, porque eu agradeço ao Guga matador da camisa 9, o G10, Camanducaia, Jamelli, Almir, Sérgio que foi um guarda metas a se espelhar e mais uma porção de outros craques que fizeram da camisa do Santos Futebol Clube algo para se orgulhar, mesmo em tempos de insucessos.
Encerrarei por aqui, até porque discorrer sobre a sua passagem pela Seleção e a grande bola que jogou no Mundial de 2010 na África do Sul é chover no molhado. Aponto com veemência que o Elano Ralph Blumer ganhou 2 títulos brasileiros marcando gols nas duas decisões, uma Taça Libertadores da América e um Paulista pelo Peixe, mas a maior conquista deste atleta foi de provar para todos que o seu talento é indiscutível e não se restringiu a Iracemápolis, Limeira e Região.

Evandro Amaral Fernandes – Guga.

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