terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Mente Amordaçada

MENTE AMORDAÇADA.

Por: Evandro Amaral Fernandes - GUGA

Cidade enfumaçada com criança espedaçada
Oficial da guarda com a mente amordaçada
O caos de muçulmanos com o Maomé de farda
Jato inimigo sobre o céu de Alá
Ainda fazem contas quantas faltam para matar
Quanto vale uma vida?
Quantos litros, um barril?
Um dólar, um civil ou uma bala de fuzil?
A bíblia ou alcorão o que está certo, qual a questão?
Mataram o outro líder e não mudaram a situação
O petróleo vai jorrar em todo Ocidente
O rio que corre sangue é da nascente intolerância.


Expostos na escuridão
Orando a quem?
O medo é o segredo
De quem vive no desprezo
Expostos na escuridão
Em uma cilada
O caos de mulçumanos
Com o Maomé de farda.

Um erro cometido
Republicano otário
Todos angustiados
Nação inteira chora
Retaliação divina?
A classe média implora
Calote em hipotecas, milhares pedem esmola
E quem viu viu, quem não viu verá
A soberba dissolvida com o gasto militar
Não tem flores, nem champanhe
Veio a praga e perdem o bem
Um tolo imperialista fez um povo de refém.

Expostos na escuridão
Orando a quem?
O medo é o segredo
De quem vive no desprezo
Expostos na escuridão
Em uma cilada
O caos de mulçumanos
Com o Maomé de farda.


EVANDRO AMARAL FERNANDES - Guga.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Uma vitória da qualidade técnica ou do dinheiro?

Uma vitória da qualidade técnica ou do dinheiro?

Sim torcedores SANTISTAS, sucumbimos diante de um grande time, de um elenco que tem jogadores que valem muitos milhões de euros no banco de reservas, que desfruta de exorbitante poder aquisitivo. Sim caro SANTISTA, o mais fanático deles, o SANTOS jogou como NÃO deveria, não colocou em prática o seu jeito de jogar, tentou copiar feitos de co-irmãos brasileiros e saiu-se derrotado, jogando com três zagueiros e saindo de suas características, mas vou logo avisando que o nosso treinador não foi o grande culpado, pois faltou à genialidade do nosso maestro, a alegria do nosso craque, qualidade na saída de bola e recuperação de posse de bola. Colocar a culpa só em nossos zagueiros seria canalhice de minha parte.
A cada gol do Clube catalão, distante a milhas e milhas da metrópole bandeirante, se ouviam gritos e fogos de artifícios e se eu fosse daqueles brasileiros supersticiosos, certamente acreditaria que foi por conta do olho gordo, do famoso mal olhado.
Mas não, sou torcedor de futebol e não doente, eu sou aficionado pelo jogo da bola, de onde saem grandes artistas e de onde surgiu Pelé, Romário e Zidane e enxergo futebol não apenas como paixão e também como negócio.
Nossos clubes aqui no Brasil seriam grandes potências futebolistas que outrora foram se possuíssem o capital como o Barcelona possui? Tal questão e não saberia responder, mas certamente o nosso país teria mais opções para novos esquemas de jogo, para que não deixassem os nossos treinadores amedrontados diante de times que tocam a bola sem pressa, que mata o adversário pelo cansaço.
Tolos são os que se iludem apenas com a qualidade técnica, porque nos novos tempos, futebol se vence em contratações, em estrutura, em altos salários. Pobres daqueles que imaginam que ganhariam do mesmo Barcelona porque o seu time joga com raça e com o coração. Tolos são aqueles que comparam este Barcelona com os demais. Não caro leitor, este Barcelona é diferente, ninguém tira jogador de lá, ninguém consegue comprar nenhum jogador do time catalão sem que os mesmos queiram e a base segue mantida e a arrogância infelizmente segue adiante.
Por mais fanático que eu sou, admito que o clube da Catalunha seja superior ao SANTOS, sim eu reconheço, mas falar que é algo muito além do que podemos fazer é imbecilidade. Os jogadores brasileiros também podem tocar a bola de um lado para o outro, ter posse de bola, podem sim fazer o mesmo que eles. Eu não quero crer que a defesa com Puyol e Piqué é mesmo impenetrável e que os atacantes brasileiros sejam facilmente marcados. Sim torcedor brasileiro, este Barcelona também peca, cabe alguém apertar na saída de bola e deixar de respeitá-los como estão fazendo.
Em tempos de maiores cotas televisivas e de um momento jamais visto em ações de marketing, torçamos para que este quadro de alta superioridade catalã possa mudar, pois se continuar da maneira que está os europeus irão jogar e caberá a nós apenas acompanhar.
Para dar fim neste artigo, parabenizo o SANTOS FUTEBOL CLUBE por jogar o Mundial de Clubes de maneira legítima, sem convites, sem aberrações e negociatas, como legítimo campeão do seu continente. Sim, este é um triste fim de artigo que transformo em amor ao Clube que me ensinou a amar futebol, clube este que não engana os seus torcedores com um discurso que tem que ter raça, que os jogadores correm pela torcida. Dou fim a este artigo exaltando o maior time da terra, aquele que parou a guerra e que deu ao mundo o maior jogador de todos os tempos. Sim caro SANTISTA, eu não quero ser enganado, nunca me enganei, sou torcedor do SANTOS e continuarei assim até morrer e peço ao SANTOS que continue sendo SANTOS, não o SANTOS de hoje e sim o SANTOS de sempre.

Evandro Amaral Fernandes - Guga

domingo, 4 de dezembro de 2011

O legado de Doutor Sócrates Brasileiro.

O legado de Doutor Sócrates Brasileiro.


Foi um sentimento de perda, sem ao menos o conhecer, sem um aperto de mão ou qualquer troca de idéias. Lá foi eu lendo as notícias sobre a sua morte e uma porção de homenagens.
O máximo que eu consegui fazer foi escrever algo em uma página de um site de relacionamentos:

• “Lembro-me como se fosse hoje, Santos e Lusa no Canindé. O meu pai me levava aos jogos do Peixe quando eu era criança e esse foi especial para mim. Vitória do Peixe, 1a0, gol de Sócrates. Sócrates deixará uma lacuna no futebol, Santista de nascimento e corintiano por adoção e gratidão, o dia hoje é de luto para os amantes do futebol. Independente de se tornar Corintiano, sempre ponderado, o Doutor ia além do clubismo exagerado e não carregava antipatia em seus comentários. Esteja com DEUS Dr. Sócrates. Chora o futebol e todos os amantes desta arte cada vez mais enriquecida e politizada. #LUTO”.


É evidente que eu NÃO tenho conhecimentos de sua vida particular, se foi bom pai, se foi bom filho, nada disso eu sei de sua vida, tampouco se foi um bom amigo de profissão, um bom amigo no dia a dia.
As minhas palavras neste vocabulário medíocre, com poucos conhecimentos literários me impulsiona ainda mais para dar fim a este singelo texto. Neste país de miseráveis, quis o destino, se é que ele existe colocar o Sócrates no time do povo, mas que pra mim não é do povo e sim da massa, como vários outros clubes no Brasil também são, mas este é mais representado. Em um boteco qualquer do Brasil quantos cidadãos disseram hoje que a sua morte foi por decorrência do álcool, fazendo-os refletir nos diálogos de botequins de onde saem pensamentos de mais valia do que qualquer pensador da Grécia Antiga.
Nota-se que se tornou um artigo vazio desde o inicio. Falei pouco de sua vida, pouco de sua História, pois bem, vamos lá.
Quem sabe de política é político, certo? Errado!
No Brasil, o seu povo em sua imensa maioria sabe de política, mas poucos querem participar e palpitar, ou seja, a massa apenas vota por obrigação e os brancos e os pardos de classe média e também os bem nascidos votam por interesses. Nesta terra de liberdade jovem, que se fez liberta do Império através da força Militar de uma juventude Positivista, apoiados por Republicanos donos de terras férteis e com uma vontade de uma nova visão política, assim entregou-se o país nas mãos de Republicanos. Por força de um golpe ou uma Revolução, em 30 surgiu uma nova corrente, dando fim à oligarquia paulista à frente do Poder. Não mais os paulistas ou mineiros. Surge Vargas, o mais puro Estadista. De Vargas a JK ou a queda de João Goulart, onde cabe esta citação neste texto sobre o Magrão. Juro que cabe, o que NÃO seria cabível ao Brasil foi o golpe de 64, mas coube aos Militares impor aos brasileiros amar a Nação da maneira mais covarde, impondo as armas, o poder bélico.
Mas nos anos 80 surgiu a Democracia em um clube rival, que se quer eu vi, não pude acompanhar. As mãos para o alto com o pulso cerrado, os gols marcados sem comemorar com a torcida. Assim foi Magrão em sua vida de atleta. Assim foi Magrão que o país conheceu.
Discursou por um país igual, não só em palanques, mas no dia a dia, sem mesmo ser sua obrigação como atleta. Ele não foi atleta, não foi médico, como ele mesmo dizia, Sócrates Brasileiro foi mais que isso, foi a DEMOCRACIA.
Muitos no Brasil nasceram e morreram e deixaram se levar como um barco a deriva pelo governo momentâneo, diversos órgãos da mídia submeteram-se aos Ditadores após o Golpe, ingressando no poder quem não merecia. Ah pobre país de DEMOCRACIA tardia.
Eu sou um cidadão comum, filho de gente comum, de mãe professora da rede pública, de pai chão de fábrica que se tornou micro-empresário. Sou neto de avô assassinado, que ia ao trabalho e foi alvejado por um tiro “encontrado”, se quer o conheci, mas também o admiro por ter sido o que foi para a minha avó e para os filhos.
Nasci no Estado Bandeirante e aqui fui formado por um sistema neoliberal, que segrega conhecimentos, que dá aos pobres um ensino medíocre, que formam técnicos e não intelectuais. Fui office-boy, fui rapper, sou gente, fui ser Advogado e descobri que era analfabeto. Ao ingressar na Faculdade Particular descobri que não sabia ler, por ter sido usurpado do verdadeiro saber. Sou micro-empresário e estudante de História, dou emprego e leio Karl Marx com sua emancipação do homem e luta de classes. Sou sempre confuso, mas não me confundo, não participo do jogo para não jogar sujo. Sou pai de família, sou gente de bem, cidadão do Brasil, quase sempre refém.
Falei de mim e esqueci do Sócrates?
Claro que não, Sócrates falava em pró do próximo, carregava um semblante humilde mesmo sendo Doutor. Ora quantos poderiam ser assim. Teríamos uma Nação igual e mais feliz. No futebol eu aprendi a ser cidadão e se engana quem pensa que aqui não há relevância não. Não li Machado de Assis, mas lia as colunas de jornais esportivos de todos os times, aprendi a me expressar melhor assistindo jornalistas de mesas redondas. Aprendi a sofrer no futebol, sendo santista, sendo brasileiro do meu jeito.
Sugiro que todo brasileiro se espelhe em gente de bem, que não tenham inimigos, nem mesmo no futebol. Nesta nação de gente despolitizada, mesmo que seja no futebol aprendemos um pouquinho de política. Fica aqui o que penso sobre o LEGADO DO MAGRÃO. Lutar pelo país mesmo que não seja a sua obrigação.
Peço perdão por não ter bagagem suficiente para discorrer sobre o jogador mais politizado do Brasil, que não foi um atleta como o exigiam, mas que a bola correu por ele e que foi Doutor e morreu de “morte morrida”, por viver a vida sem ter a devida disciplina que por ele era sabida.


Evandro Amaral Fernandes – Guga
Viva o Coletivo!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Pichação na Região Metropolitana de São Paulo.

Pichação na Região Metropolitana de São Paulo.
Por: Evandro Amaral Fernandes - Guga. Viva o Coletivo!

Entre as paredes, assobradados, prédios e edifícios da grande São Paulo, existe uma escrita altamente efervescente e nebulosa para milhões de pedestres e passageiros de coletivos que avistam das janelas todas as formas de arte urbana através da pichação, escrita esta movida por paixão a adrenalina, impulso a contravenção, ódio ao Sistema e instinto movido a tinta óleo ou látex e spray de todas as cores, mas principalmente o preto fosco, como diria alguns pichadores da grande metrópole, “nas veias do pichador de São Paulo, corre tinta de Spray preto fosco”.
Cito ódio ao Sistema, pois assim definem muitos adeptos da arte, onde talvez, alguns não saibam realmente o que significa ser a luta contra a Instituição Governamental em vigência ou sistema econômico global e se quer conheçam a Luta de classes e a emancipação do homem, conforme prevê Karl Marx. Não há consenso, nem números do IBGE para sabermos ao certo quantos pichadores estão em atividade ou aqueles que já se aposentaram na prática da arte urbana de São Paulo.
Desta forma, darei um exemplo de uma pichadora da região metropolitana de São Paulo em que extraí do Site oficial do grupo Túmulos, grupo também pioneiro na prática como é vista ainda nos dias de hoje pelas ruas das cidades da nossa Megalópole Bandeirante. Lembrando que eu não editarei o trecho da entrevista e postarei da mesma forma que eu a visualizei no site.

Segue entrevista abaixo:
A entrevista de hj é c/ a a Dina do SO’MINA, um dos pixos mais antigos de SP.
Comecei na pichação em 1989. Eu tinha 15 anos, estava cheia de vontade de viver, começava a conhecer muita gente e a sair pras,bailinhos, matinês, em boates. Juntos dos meus dois melhores amigos, o Alegria e Rapozão (João), começamos por brincadeira de bairro a pichar alguns muros da Vila Sonia. Com alguns roles, roles por perto de casa eu logo senti a energia do picho. Os dois não levaram a coisa a sério, mas eu sim! A sensação de pichar um muro, de colocar minha marca, me traziam muita alegria, satisfação e adrenalina. Logo fui convidada a entrar para um grupo de picho, os Pensativos, que tinha uns caras de bairros vizinhos. Puxa, eu me senti importante com o convite e daí em diante comecei a construir a minha história e me ir aos points do Centro, da Lapa e do Borba Gato e a sacar os pichos, os pichadores e a sentir toda a energia. Era muito gostoso freqüentar os points, fazer amigos, ir pras festas dos pichadores, eu me sentia em casa nesse movimento. É, Já não dava mais pra largar a latinha. Era muito gostoso freqüentar os points, fazer amigos, pra festas de pichadores, eu me sentia em casa nesse movimento. É, jaó não dava mais para pra largar a latinha.
Sente falta da pixacao? OQ vc ganhou e perdeu no tempo em que pixou?Tem algum conselho a quem esta comecando hj ?
SO' MINA -Sinto saudades daquela época! Eu ganhei muito, conheci a cidade - não as ruas, mas as vielas, as quebradas, os morros; conheci a barbárie - vi a miséria, vi gente do picho morando na rua, morando em alojamento, conheci gente que morava em um barraco 3x2 em oito pessoas, um monte de irmãos pequenos e aquela “casa” no meio do nada, só terra e tristeza, fui na casa de amigos melhor sucedidos, a casa daí tinha parede de tijolo, uma tabua de porta e terra pisada no lugar de contrapiso. Isso tudo me marcou muito. Não esqueço o terror que foi aquilo. Tenho como uma foto em cores na minha memória cada uma dessas histórias. A minha casa tinha teto, janela e móveis simples, mas tinha tudo; eu tinha pai e mãe, meus irmãos trabalhavam, estudavam e namoravam. Minha família era muito simples, lutadora, conformada com a exploração e com esperanças de que as coisas iam melhorar. Eu com meus roles, tomei pé do mundo, pena eu não ter alguém para me ensinar mais do que isso naquela época. O mais perto da revolução que eu chegava era escutando e cantando Racionais, Dj Hum e Thaíde. Eu sinto por minha família ter sofrido com essas minhas andanças, para eles era muito vergonhoso, triste – mas hoje estou mais boazinha, minhas loucuras estão dentro da lei da selva. E acredito que aprendi onde é melhor colocar minha energia, minha força e toda minha indignação e desejo de construir um outro mundo.
No fundo eu não perdi nada. Enquanto muitos jovens assistiam sessão da tarde, seriados enlatados ou novelas, eu ganhava o mundo, conhecia gente e até me meti a desenhar por conta de uns e outros grafites do Só Mina que as vezes rolava. Na Vila Sônia não tinha muito a se fazer e eu, pra sair de lá e conhecer a realidade, encontrei a pichação. Dura e pesada realidade, cheia de adrenalida e de paixão. http://entrevistastumulos.blogspot.com/2009/11/somina-entrevista_21.html - ENTREVISTAS DO CAIXAO#43.


Vimos acima, na entrevista da pichadora “Dina”, integrante de um dos primeiros grupos somente de mulheres como integrantes, uma vontade de fazer algo diferente das pessoas não inseridas no grupo de pichadores, provando que também havia uma visão de luta de classes, mesmo sem ter a aproximação do Marxismo ortodoxo, ou luta para dar fim ao sistema político implantado no Brasil. Neste caso a pichadora relata que conheceu a pobreza de perto e comenta que se aproximou da “Revolução” ouvindo Hip Hop nacional. Embora seja uma revolução diferente ao proposto pelos Comunistas, existe em seu discurso uma vontade de mudança e remete questões sociais dentro de sua visão na arte urbana.
Nos diversos sites sobre o tema e em sites de relacionamento que dão ênfase a arte urbana, nota-se que a pergunta de quem foi o maior pichador é comum entre os iniciantes e os mais antigos pichadores que participam dos fóruns. Afirmam que o Di, o Xuim e Tchentcho são os maiores pichadores da grande São Paulo, embora não há consenso para definir qual é o maior entre os três pichadores.
O Xuim hoje é engenheiro ligado ao ramo automobilístico, o Di, morreu em 1997, assassinado em um bar depois de uma briga e em uma entrevista de um grande jornal da época, falou-se em engano, mas como os assuntos relacionados à pichação são informados boca a boca, boatos são comuns e fatos são distorcidos, por isso não deixarei claro o verdadeiro motivo da morte de um dos maiores pichadores de São Paulo e que ainda hoje existem diversos prédios, muros e “picos”, palavra dada a pichações feitas acima de casas, ou comércios em geral, acesos ainda em São Paulo, lembrando que à gíria “aceso”, refere-se às letras ainda expostas no local de origem. Sobre o Tchentcho, poucas informações eu consegui sobre o pichador da Zona Sul de São Paulo, entretanto, é sabido que teve uma grande rixa com o Xuim e com outros pichadores. Há uma grande especulação entre alguns pichadores que o mesmo sempre se impulsionou para grandes rixas com outros pichadores e sua característica era de “atropelar”, palavra dada quando alguém faz uma pichação por cima de outras marcas.
Deixando de lado os maiores pichadores, que deixaram as suas grafias em diversos edifícios de São Paulo, entre eles o Terraço Itália, citarei também o Zé do Lixo Mania oriundo da cidade de Santo André, que pichou quase todas as avenidas e principais ruas de São Paulo e grande São Paulo e ainda hoje se encontra em atividade na pichação. O Zé viajou até a Espanha e lá também deixou a sua marca, gravando o seu nome e o nome de seu grupo também naquele país.
Nota-se até aqui que não há apenas nomes e apelidos de pichadores, pois existem também nomes dos mais variados, nomes de grupos ou gangues, como são apontados de forma pejorativa pela mídia e por pessoas contrárias a arte urbana e entre eles estão Snow Boys, A Firma, Os maldosos, Morto, Oitavo Batalhão, New Boys, Anaconda, Senhor, Rdu, Viking’s, Mestres, Onu, Reação, Império, Cad’laks, Capão Rolers, Rapto, Túmulos, Sustos, Agster, Profecia, Aliens, Ones,Horror, Ritual, HC, Mtc, Punk de Guerra, Larapios, Abismo, Anormais, Sedutores, Alopirados, Gang Boys, Bomba City, Reggae Roots, Trote, Atentados, Museu, Energumenos, Jets, Bagulhos, C tropa, Carine coração Caroline, Gdm, Akds, Perebas, Peraltas, Os mais que dois, Os metralhas, Space,The Mentes, Bandit´s, Tuff Turf’s,Visitant’s, Arsenal, Collos, H2O, Mutant’s, Homens Pizza,Pensativos, Caladas, The Malocas, Tribus, Outstesp, Os Grafes,Os Mal Pagos, Piro Mania, Noia, Trombadas, Powers, Réplicas, Alma, Os Gostosão, Tribunal, D’Tydos, Ctz, Psicopatas, Só Minas, Sapos,Império, Loucos Gang, Acme, Cambada, Cegos, Os Garotos Sujos, Boys Street, Cns, Px9, Apache’s, Uml, Larica, Drink’s, Sujeitos, Escadão,Cripta, Pixo Art, Onu, Ação, Bdm,Sedutores, Arrotos, Forum, D’ Boys, Os Caretas,Zona Morta, Tiras, Ingratos, Bomber Boys, Ones, Mortos, Jamaica,Brutais, Geração, 7° Potência,Colors Gang, Ilegais, Enemys, Os Bicho Vivo, Alastros, Kids, Novinhas, Skts, Terapia, Pyroze, Triton, Over Gatos, Reprise, Suspeitos, Caladas, Sk8, Corvos, Phg, Grut’s, Cia, Fama, Hospedes, Agape, Mordomos, Só Noys, Red Boys, Arrastão, Pusgos, Genios, Bomba, Volume-3,Nativas, Exorcistas,Brisas, Raros, Ant Boys, Africa, Vadios, Deekaadencia, Bug Daus, Nota 10, 7° Sentido, Os Bicho Vivo,Ogné, Ant Ratos, Statos, Vicio, Triton, Hot City, Os QN, Aspa, Atentados, Poder, Trip’s, Astecas, Ncs, Os Dbs, Corró, Doido é Doido, Recrutas, Malditos, Proceder, Banzai,Hct,Surf, Danger Boys, Rastros, Readers, Nômades, Cinicap’s, Variant’s, The tropas, Kpg, Os manos, Vândalos, Almastros, Vitimas, Bacanas, Rock, Gênero, Yugos, Ruínas, Colossus, Servos,Vagais,Psicose, Acusados, Talp’s,Rejeitados, The Brothers,Nevoa, Servios, Oxigênio,Ninja, Yankes, Olho Seco, Ira, Brutus, Medo, Mad Dog, Veneno,Pitchulas, Arte, Red Zone, Psicodélicos, Kaduk’s, Xaradas, Ousados, City Bronks, Pig’s, Gaivotas, Gaiatos, Oxigênio, Cedilhas, Cruell’s, Gralhas, Trolhas, D’Hels, Ira, Ação, Rampa, Comando, Regeitadus, Hooligans, Opção, Ruivos, Chips, Sérios, Poderosos, Garotos, Pdm, Gnomos, Prds, Prvs, Autopsia, Cômicos, Mortíferos, Danos, Tradição, Vômitos, Vitais, Drama, Únicos, Funeral, Chacais, Tns, Sexo 4, Visual, Bdr, Ousadia, Setor’s, Ator’s, Skdr, Sknv ,Sknm, Cdrs, Jhango, Xangô, Sonanbulos, Rebeldes, Pda, Moby, Friday 13, Rivais, Os Rvs, Os Pcs, Impactus, Wolf’s, Stratégia, Bolhas, Bekos, The Killers, Pecado,Detenção,
H-lera, Suecos, Legião, Sinistros, Noturnos, Gatunos, Aborto, Ícones, Malignos, Fanáticos, Droga, Mdv, Crack, Generais, Beco, Beck, Tribal, Malocas, Nobres,Imorais, Astros, Cnds, Sérios, Knalhas, União 12, Trágicos, Família 12, Hemp, Nucleares, Ran, Sapos,Pavilhão,Fúria, Notáves, Delinquen’s, The Papas, Radar,Sigla,Gibbs,Vermes, Néb, Tub’s, Ossos,Morte, Imagem, Vip’s, Radicais, Traíras, Mato, Imortaus, Psicos, Cabos, Onys, P-vetes, Bad Girls, Os Abutrão, Abutris, Tropas,Rasta Boys, Risco, Os Cururu, Pop, Gênio da Arte, Eutalia, P’Monição, Gdl, Hbs, Membros, Atla, Sistema, Paris Model, Impacto, Giga, Npp, Bombadas, HL, TB, Raspas, Barões, Fiscais, Ratos, Rcns, Krellos, C Maluco, Catfos, Sccp, Epidemia, Thp, Vírus, Executor, Exigentes, Espião, Sombrios, Nobres, Pala, Stnc, TTC, Ebola, Wtn, Semens, Enemy’s, Hall’s, Pdr, Maníacos, Primatas, Cops, Scorpions, Atrevidos, Nofx, Zion, Matadores, Aloprados, Exorcistas, Poeta, U1000d’s, Os Abutris, Chic, Pegadas, Pxds, Skate Sujo, Ahg, Tny, Os Pintão, Bug Daus, Sujões, Alucinados, Torre, Clash, Kaia, Os Muchachos, 4 Cor, Genocídio, Intocáveis, P’sico, Hipnose, The Relâmpagos, The Malucos, Sobre Carga, The Look’s, Impactus, Sol’s, The Funto’s, Via Mort, Retardados, Marginais, Os Tigres, Tokaia, Inxs, Os bárbaros, Inimigos, Suspense, Troll, Pryzy, Visitant’s, Os Caça Xana, Aérios, Fox Loose, Toperas, Birutas, Villa Verde, Pichester, Dundum, The Maníacos, Nativos, Cash, The Cats, The Monkeys, Os Cata Lata, The Zoon, Onz, Goma, Fama, Ibope, The Samis, Tulipa Negra, Simulo, Pcbs, Tls, Pesadelo, Sm, Nf, Doga, Tbs, Gvs, Teic, Brutais, K-Ptas, Caçola, Parceiros, Cr, Vdm, Pestes, Gandulas, Brutos, Ladro Boys, Ladrões, Chit’s, Siper, Alvo, Radi, Rdi, Top, Fud, Naipe, Pombal, Mdb, Rps, Cdm, Evit, Mnl, Rtd, Xtp, Sábios, Danados, Bereta, Wrs, Malucos, Caretas, Brons, Favelados, Playbas, Inválidos, Criminais, Kaos, Piroka, Beco, Fênix, Opl, Mdts, Abio, Crg, Spk, Robô, Poder, Kdi, Pusgos, Figuras, Karetas, Kebrada, Secreto, Glts, Índios, Anor+, Pegos, Perigo, Lorotas, Mgns, Snow Skate,Prvs, Parc, Primos, Stilo, Atrito, Algos, Insônia, Deform’s, Bitucas, Esk’dão, Exps, Táticos, Bats, Satans, Falha, Prezas, Crítica,Storvos, Pensativos, Os Qn, Out Law, Amador, Panela, Ubm, Ubc, Wtc, Os Pcs, Corja,Gaiatos, Pnn, Bdrs, Teimosos, D’dik’dos,
Os + Cr, Pavor, Zumbis, Corpos, Brisados, Erro, Slbs, Pixain, Crime, Sim’s, Grog’s, Rapa, Rapas, Dexter’s, Patifes, Alib, Patroas, Jamaica, Sotons, Wave, Mnrs, Snts, Sutil, Grifon, Distrito, Skdr, Bats, Tga, Apocalipse, Filho, Vlcs, Yella, Qix, Bdr, Agents, Furtos, Nds, Hot, Rastro, Paninho, Os Demos, Tronos, Rud’s, entre centenas de milhares de outros que eu não conseguirei catalogar todos aqui, pois não é a minha intenção fazer um senso ou algo parecido, mas sim tentar compreender a prática com um olhar mais atento as peculiaridades do movimento.
Citei acima diversas gangues e aqui citarei alguns nomes e apelidos de pichadores, como por exemplo, Preto da grife Os to q to, Celo da grife Os + q vo6, Kop,Gil, Rcd da grife Os nada consta, Lin2, Zampa, Ndo,Csr,Écio,Krankro,Vivo,Mcl,Duin, Rcd, Krot, Sancin, Déca, Bola, Beto,Dil,Lin o animal, Dino, Dan, Rodrigo Hip Hop, Olodum, Jambo, Ton, Pica Pau,Chefe, Kidão, Je, Casusa, Thatha, Vgn, Bilão, Valdoni, Capim, Meg, Saile, Pirralho, Cro, Bola, Luca, Skilo, Vinicius, Horácio, Juneca, Poeta,Eixo,Kidi, Boomer, Estranho, Skiti, Alemão,Pessoinha,entre outros.


Citarei outro depoimento, este agora feito por Marcelo Henrique dos Santos,o MHS do grupo Profecia, um dos maiores pichadores de São Paulo, já aposentado, deixado por ele em sua página de relacionamentos na internet:

Profecia foi criado em 1992, mas começou mesmo a riscar as paredes de sampa em 1993...
A formação original era MHS, NJ, KBSSA, NRN.
KBSSA e NRN ficaram apenas nos muros de deputado, os manos eram firmeza, mas o pixo não era o talento deles.
Em 93 arrumamos treta com varios pixos ao mesmo tempo "BANDITS, OPÇÃO, NÓIA,HOMICIDAS e mais uns que nem lembro agora...
A coisa tava feia, não tinhamos nem começado direito com o PROFECIA e já parecia que tava tudo acabado,
todos tinham abandonado, o KBSSA e o NRN pararam nessa época e o NINJA tinha entrado pro BAGULHOS,
eu fiquei sozinho no PROFECIA fazendo os muros de deputado na Av. São Miguel..até que um dia quase apanhei
da banca inteira dos HOMICIDAS "lembra disso Vagabundo? kkkkkk", dai passei a fazer uns muros na marginal tietê,
mas como via o Ninja todo dia na escola convenci ele a voltar, depois de um tempo resolvemos
todas essas tretas e começamos a pixar de verdade, pq antes era só muros de deputado.
Nossa primeira grife era "OS ULTRA SUICIDAS" isso em 1993 e em 1994 entramos para "OS MAIS QUENTES", mas no final de 1994 saimos e
entramos para "OS + Q TODOS", ficamos poucos meses até entrarmos para "OS PORRA NENHUMA", que estamos até hoje.
Em 1994 PROFECIA começou a fazer seus primeiros picos em Sampa, depois de um certo tempo só faziamos rolês para fazer picos,
pixos no baixo só mesmo no caminho de um pico para outro, cheguei a fazer 9 picos em um único rolê...começamos na Av, Celso Garcia
e terminamos na Av. São Miguel...foi em 95, tava no rolê PROFECIA "MHS"...RAPTO "BIMBA"...VGN...SNOWBOYS "JABA"...
**aeee Bimba, lembra de vc rezando ave maria em cima do pico na celso garcia??? kkkk ***
Quando parei de pixar em 1997 PROFECIA tinha entre picos e prédios em Sampa cerca de 420 pixos no alto....eu tinha 240 e poucos e o Ninja 180 e poucos...
nosso pixo dominava varias avenidas de Sampa...dentre as principais que considero "AV.SANTO AMARO...eu tinha 23 picos nela, e eu era da ZL"
...a Av.TIRADENTES, A Av. CELSO GARCIA, A Av. SÃO MIGUEL "nessa chegamos a ter 73 picos"..., A Av. AMADOR B. VEIGA......
Enquanto estava na ativa até tentamos colocar alguns manos para lançar nosso pixo, mas não teve nenhum que deu certo,
mas depois que paramos nosso pixo ficou bem representado pelos manos Guto e Maloca que também já fizeram sua História.




Torna-se cada vez mais complexo alguém que não tem conhecimento do que é a arte urbana decifrar os significados das turmas, nomes ou grifes em nossas ruas onde existem também uniões e operações.
Para exemplificar, a pichação pode ser composta por grupo ou nome ou mesmo apelido e nos grupos existem as “prezas” dos pichadores, como exemplo o grupo Caladas (Caladas da Noite), que tem como integrantes com mais ibope (integrantes mais conhecidos) Barrão, Sérgio, Sombra, Re!,Natal, Vlad, Lama, 4 olho, Jo, entre outros.
No caso das grifes, que unem diversas pichações através de um símbolo que identifica a grife, algumas das mais famosas ou de mais ibope como descrevem os pichadores são Os Mais que Todos, os Porra Nenhuma, os Registrados no Código Penal, Os Mais Imundos, Os Número Um, Mania de Pixar,Os Piores de São Paulo, os Melhores de São Paulo, Os To q To, Os mau Amados, Os mais Fortes, Os Fora da Lei, Os Podrão, Os de Sempre, Os Categoria Luxo, Nada (?) Somos, Os Classe A, Turma da Mão, Os mais Antigos, Os 100 Classe e a extinta grife Os Tais, entre outras.
Encontramos algumas uniões como o símbolo da anarquia que alguns pichadores colocam no fim do grupo, como por exemplo: Enemys, Estranho e Outstep que colocam o símbolo da anarquia ao fim da pichação, em geral, acima da “preza” (nome ou apelido do pichador), no caso do Estranho, já falecido praticante da arte urbana que residia na Zona Leste de São Paulo, era comum o pichador colocar o símbolo da anarquia ao fim da pichação e como ele era pichador em “carreira solo” e não de um grupo específico, não era necessário colocar a preza ao fim do seu picho, pois os outros pichadores sabiam verificar quem ele era. Existem também as uniões: Os infernais, Homens & Mulheres, Operação Kaya, União São Paulo, “Pega Nóis”, União Agressão, Projeto Marginal, No War, União Sai de Baixo, entre outras. Neste caso específico, podemos denominar estes nomes como uniões ou operações.
Apontei diversos grupos, pichadores em carreira solo, grifes uniões e várias formas de escrita e eu não poderia fazer qualquer tipo de pesquisa sem mencionar algumas das mais conhecidas e facilmente avistadas em vários pontos de São Paulo. Deixar o pichador fora do grupo de indivíduos ou tratar apenas como vândalos sem ao menos compreender o que escrever ou o que querem passar para a sociedade em vigência aplica-se como uma forma preconceituosa de enxergar esta cultura.

(...) Podemos entender a sociologia como uma das manifestações do pensamento moderno. A evolução do pensamento científico, que vinha se constituindo desde Copérnico, passa a cobrir, com a sociologia, uma nova área do conhecimento ainda não incorporada ao saber científico, ou seja, o mundo social. Surge posteriormente à constituição das ciências naturais e de diversas ciências sócias.
A sua formação constitui um acontecimento complexo para o qual concorre uma constelação de circunstâncias, históricas e intelectuais, e determinadas intenções práticas. O seu surgimento ocorre num contexto histórico específico, que coincide com os derradeiros momentos da desagregação da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista. (...) O que é Sociologia - Carlos Benedito Martins. Ed Brasiliense.

O pichador está sim inserido dentro do contexto da sociedade paulista, embora tenha políticas contrárias e que discriminam estes jovens, sem dar a voz, sem dar a chance de serem ouvidos, ou melhor, avistados, pois das mais diversas formas de tentativas de controlar os pichadores de São Paulo, a mais frágil e esteticamente errada é a tinta cinza ao qual a Prefeitura do Município de São Paulo implanta em todo o município para apagar todos os dizeres e transforma a cidade em um local triste, pateticamente fúnebre, pois se houvesse uma cor para o funeral para substituir o preto, certamente seria a cor cinza de São Paulo. A sociedade capitalista descarta o que não é interessante, excluí os “incapazes” e não dá ouvidos para quem não coopera com o sistema financeiro. Mas e a indústria de tinta, como fica neste quadro? Participando ou não diretamente ou indiretamente do mercado financeiro, o pichador é excluído e é corriqueiro o enquadramento destes indivíduos como delinqüentes e marginais.
Poderia um cidadão contrário ao projeto de pesquisa de intervenções urbanísticas através da pichação, dizer que esta forma de cultura não tem nenhum elemento de reivindicação e que se fosse da mesma forma, no período da Ditadura Militar no Brasil, seria diferente, e estes vândalos jamais colocariam as mãos em sprays e tintas para “sujar” a cidade.
Sabe-se que a sociedade paulista encontra-se "militarizada", pois neste Estado não foi dada a devida atenção a população e hoje, tardiamente, este Estado tenta desarmar os que defrontam com as normas. E assim, de forma errônea coloca-os no mesmo bojo, sem contar com o processo de americanização do Brasil, que usurpou do brasileiro a sua própria cultura, a sua própria identidade. Desde a ruptura do Governo Vargas com o “Nazifascismo” e o apoio as tropas dos Americanos, o que houve aqui foi uma invasão da cultura estadunidense, embora eu não consiga afirmar com veemência e apontar os elementos desta influência. Enxergamos nos nomes dos grupos certa aproximação de palavras de língua inglesa e algumas se misturam com o português, como por exemplo: The-Malocas, The Mentes, The Maníacos. Nomes de grupos apenas em inglês, como Snow Boys, New Boys, Banditant’s e tantos outros são vistos com freqüência, agora dizer se estes elementos são as conseqüências da política de americanização da nossa sociedade deixaria uma lacuna imensa e um apontamento sem provas.
Marginal para o Estado é todo aquele que não caminha de acordo com as regras da sociedade e se pichação é crime previsto em forma de lei, todos estes serão marginalizados. Confundir pichador com marginal, talvez seja o maior erro da sociedade contemporânea paulista, mas ninguém sabe ao certo como definir os artistas urbanos. Então, reprimam os marginais vagabundos! Certamente diria um cidadão conservador paulista se avistasse um pichador sendo preso pela a autoridade policial.
Eu não posso afirmar que a pichação como existe atualmente seria da mesma forma na década de 60 e 70 como ocorreu nos Estados Unidos com a expansão do Funk e o surgimento de Cultura Hip Hop.
Como poderia ser um pichador nas décadas de 60 e 70 em que se matavam por ideais políticos, por discordar de um regime? Creio que este seja o motivo para a pichação ter surgido como ela é nos dias de hoje apenas no fim do Regime Militar do Brasil.
Para dar fim a este artigo, informo que não existe nenhum caráter de apologia ou desejo impulsionar algum jovem a tal prática, no entanto, busquei pesquisar sem os preconceitos comuns que a sociedade nos impõe. Certo de que não elucidei ao menos 5% sobre a pichação, fecho este projeto de pesquisa com algumas frases que me marcaram neste projeto.
“Foda-se o mundo, Eu existo”. Jo (Bst – Boys Street).
“Foda-se o mundo e sua existência”. Killer (8° Batalhão).
Nota-se que o pichador Jo aplicou a primeira frase e o pichador Killer, de forma provocativa, criou nova frase com dupla interpretação.
Mas o Killer não apenas provocou como também foi provocado. Na Avenida Marechal Tito, importante via da Zona Leste da capital paulista, o Killer subiu em um pico e ao perceber que tinha sido avistado, desceu do pico e deixou a frase sujou. Dias depois o pichador Rv do grupo Morto, deixou a seguinte frase: Para mim tá limpo, após terminar a sua pichação no local em que o Killer não conseguiu.
Fecho este artigo afirmando que a pichação é provocativa, marca territórios e se um dia a pichação não for mais crime, não existirão grandes motivos para ser pichador. Talvez o segredo esteja na ilicitude e na sensação de adrenalina que pode sentir por estar aplicando o seu picho e que ali pode chegar à polícia a qualquer momento.
Eu não discorri sobre o grafite por entender que falar de grafite deve-se direcionar a pesquisa somente sobre o tema específico, embora em algumas metrópoles pelo mundo o grafite e a pichação são vistas da mesma forma.
E se estou ao fim do artigo, dou término com outra frase da pichação da metrópole Bandeirante. “Não há medicina que cure a dor de uma saudade”. Frase esta aplicada por Ninja do Profecia e Fb do Bagulhos. Para compreender verdadeiramente a pichação, se faz necessário entrevistar pichadores das mais diversas regiões e dos mais diversos grupos, trabalho este praticamente impossível, portanto, este projeto aproxima a arte urbana da realidade das ruas de São Paulo e não dá à resposta para qual motivo cada pichador entrou para o seleto grupo de contestadores desta metrópole. É a cultura estadunidense que influenciou os jovens, ou apenas anarquismo como ideal? Não há respostas neste artigo e qualquer afirmação poderia se tornar equivocada ou mal interpretada.



PIPI: LABORATÓRIO DE PRÁTICA DE ENSINO E PESQUISA EM HISTÓRIA.
UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO - ITAQUERA/SÃO PAULO-SP



Bibliografia Consultada:

Lassala, Gustavo. Pichação não é Pixação. Altamira Editorial.
Tota, Antonio Pedro. O imperalismo Sedutor. Companhia das Letras
Martins, Carlos Benetido. O que é sociologia. Editora Brasiliense

Documentários:
Pixador - Documentary. dir. Guiomar Ramos. Video. 23:00 (Brazil).
Pixo – Documentário. João Weiner e Roberto Oliveira.