sábado, 21 de janeiro de 2012

O macarrão instantâneo de atualizações e variedades.

O macarrão instantâneo de atualizações e variedades.

O saudosismo me toma de assalto levando-me à pretensão que deturpa um olhar mais otimista à vitrine dos sentimentos, da alegria, do amanhã que espera o despertar tão saltitante quanto o coração daquele que conhece o novo, do primeiro encontro ou de ganhar no jogo.
Cansado de tentar compreender, decidi não mais julgar, pelo menos com a veemência de antes, porque julgar o novo é agir de forma injusta e desonesta. Por ora sinto-me um cinquentão, mas não, próximo de chegar aos trinta, tão imaturo, enxergo um cotidiano confuso. Belas garotas são mais mulheres que outrora e a ingenuidade já não faz parte da adolescência de nossas meninas e não afirmo que no passado não afloravam desejos, não isso, mas antecipa-se a pratica antes de pensar em desejar.
Os sonhos dos cânticos do passado já não são os mesmos, a esperança em uma grande Comuna já não é tão esperançosa e a modernidade, talvez tardia de nosso país nos trouxesse a um momento tão complexo de compreender que já não sei mais por onde andar, no que sonhar.
Se houver uma pequena reflexão sobre o nosso futuro, certamente dirão que o futuro é agora, mas qual agora? O agora do imediato anda fútil, tão fútil que eu nem sei ao certo se é correto afirmar que andam fúteis os munícipes que nos rodeiam, porque os malandros dos nossos bairros já não são tão malandros assim, as rodas nos saraus já não encantam como antes, os jovens de jeans quando sonham é por um carro ou uma moto melhor, enfim.
Lá vai o cara que pouco viveu e que viu a influência negra nova iorquina tomar conta da capital bandeirante e há pouco ser tomado por uma nova onda, não a social, mas a comportamental de comportamentos tão individuais. Sim eles querem o tênis e aquelas blusas, querem os carros e querem o ouro, querem de tudo em uma audiência una. Eu não estou falando de mudanças significativas de um século para o outro, estou percorrendo uma ou duas décadas.
O Passat iraquiano já não cabe mais, o fusca envenenado e a 125 já não são os sonhos dos garotos. Quanto mais se tem, mais se quer e quanto mais se quer, mais será capaz. Chata rotina de um cotidiano moderno. Já me acham no celular e em qualquer lugar, transformou-se do bar um ambiente contemporâneo. Os rádios tocam e não são os de pilhas, as danças começam e não são as juntinhas, ah eu juro que também sonhei em dançar juntinho. Encontra-se de tudo e em todas as mídias, mulheres lindas, mentes sadias, verdades e mentiras em perfis doentios.
Tão logo irá passar, tão logo deixarei de sonhar o que sonho agora, porque me tomei do ambiente para esta medíocre reflexão. Irei à minha cozinha, prepararei o meu macarrão instantâneo e em poucos minutos me alimentarei de ilusões que certamente fará de mim igualzinho aos demais, porque sonhar sempre é preciso e atualizar-se é beber da fonte dessa nova juventude. Então seguimos, mentindo que somos sempre felizes, com copos cheios e corações vazios.
Assim caminhamos, Jão.

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