O Corinthians dá inicio a uma nova
era futebolística, se livra do peso de nunca ter conquistado um título
Internacional de relevância e mostra a sua força conquistando a tão sonhada Taça
Libertadora da América de maneira invicta, deixando para traz o Clube de Regatas
Vasco da Gama na quartas de finais, o Santos Futebol Clube nas semifinais e o
Clube Atlético Boca Juniors na final. Ao ver a derrocada do Santos de Neymar e
Paulo Henrique Ganso, confesso que achei que fora injusto, pois o Corinthians
jogou de forma compacta como bem gosta de dizer os comentaristas de futebol do
Rio Grande do Sul. O Corinthians não só jogou de forma compacta com o Santos,
mas jogou com vontade de vencer, gana pela Taça, algo que faltou para o
alvinegro das praias. Contra o Boca Juniors nas finais mostrou que a vontade de
vencer era ainda maior e por tal motivo fora campeão, mesmo jogando com laterais
limitados e com jogadores que não estão enquadrados entre os principais
jogadores do país, ao menos é assim que enxerga o então técnico da Seleção
Brasileira, Mano Menezes.
Parabéns ao Corinthians, não só pelo
título, mas por provar que a vontade de vencer é o que dá a vitória a um time de
futebol e isso não é redundância, é fato. A vontade de vencer é um fato verídico
que se encontra nos botequins, balcões de padarias, nos diálogos dos amantes do
futebol, nos pontos de ônibus, nas praças e até nos escritórios com carpetes
persas de ar condicionado na temperatura adequada. A vontade de vencer
corintiana uniu o brio do elenco e o impacto financeiro positivo tão bem
orquestrado e implementado pelos dirigentes da diretoria anterior e pela
continuidade dos sucessores. Eis o motivo pelo sucesso.
O novo tempo do futebol brasileiro
chegou com mais receitas, mais impacto televiso, novos estádios, jogadores
estrangeiros chegando e poucos jogadores partindo. A modernidade fixou-se e
desta forma fará com que dirigentes de futebol descomprometidos com o novo se
tornem vilões, serão verdadeiros demônios e serão cassados por torcedores com
estacas, paus e pedras, alho, cruz e caixão para não ter dúvida que este não
voltará. Há muito que o torcedor é assim, emoção e não razão.
Com a vitória do alvinegro de Parque
São Jorge os 4 clubes grandes do Estado Bandeirante são detentores de títulos da
Taça Libertadores da América e não haverá pressão por este título, ao menos no
momento.
No Rio Grande do Sul os 2 grandes
clubes detém títulos da Libertadores e desde 2006 a piada do “nacional” já não é
contada pelos torcedores tricolores. O Internacional de Porto Alegre se
estruturou e conseguiu levantar a maior taça do continente por duas vezes, assim
como o seu maior rival.
O êxito do Corinthians na
Libertadores presenteou ao Estado de Minas Gerais e ao Estado do Rio de Janeiro
novas provocações e estas mais incisivas, com uma pressão ainda maior a ser
comentada. No Rio de Janeiro, Vasco e Flamengo já levantaram uma vez cada um o
caneco da Libertadores, porém Botafogo e Fluminense ainda buscam tais títulos.
Já em Minas Gerais o Cruzeiro conquistou duas Libertadores e o seu grande rival
não tem tal título.
Os 12 grandes Clubes do Brasil
iniciarão uma nova etapa futebolista e creio que Clube Atlético Mineiro,
Fluminense e Botafogo sofrerão as consequências, haja vista que a mídia se
concentrou no insucesso do alvinegro da capital paulista desde o fim da década
de 90 com a conquista do único título da Libertadores do Palmeiras.
O torcedor moderno se desapega fácil
do seu clube de coração, por pequenos erros crucificam os jogadores dos seus
times e estes não tem o mesmo amor que tinha o torcedor de outrora. Há aqueles
que romperam com a arquibancada ou somente acompanham o seu clube de coração se
o mesmo estiver em evidência. O torcedor
de futebol do século XXI quer mesmo gritar é campeão, ter o craque da seleção em
seu clube, poder dizer que o time dele é o que mais vende e que os
patrocinadores pagam tanto para um e uma mixaria para o rival. O torcedor atual
até se orgulha da história do seu time, mas se as coisas não estirem caminhadas
para uma conquista de um grande título, nada tem sentido, não há o que se amar.
As cotas televisivas, patrocínios, balanços financeiros e ranking de times com
as devidas receitas já fazem parte da nova história do futebol e o saudosismo
tornou-se segundo plano.
Volta e meia eu ouço torcedor mais
antigo falar com brilho nos olhos dos jogadores das décadas de 60 e 70 e o pouco
que vi nos anos 80 me mostrou o quanto o futebol brasileiro dava valor para o
futebol como um todo e não somente a uma questão financeira e
mercadológica. Dou como exemplo o
Serginho Chulapa que ganhou apenas um Paulistão pelo Santos e virou ídolo e
citando um jogador do Corinthians dou como exemplo o Paulo Borges que fez o gol
de uma quebra de tabu. O torcedor de hoje não tomaria Serginho Chulapa e Paulo
Borges como ídolos. O torcedor “cristianiza” os vencedores e aniquila da sua
memória aquele que ousou vestir a camisa do seu clube e sair de lá sem
conquistar um título de ordem nacional, continental ou
intercontinental.
O motivo pelo qual mudou o futebol
brasileiro eu não sei, talvez ocorrera pelo fim da Ditadura, do sofrimento de
planos mirabolantes nos anos 80 e 90, ou porque enfim o Brasil encontra-se
participando do Capitalismo de maneira mais efetiva, mesmo que esteja localizado
em uma ordem periférica. Lembremos que os nossos grandes Clubes iniciaram as
atividades no início do período moderno, ou seja, todos eles após a proclamação
da República em 1889. Os nossos clubes começaram no modernismo do Brasil, mas só
agora vivenciam a modernidade de fato.
Nos anos 90 vieram as parcerias e
tal vislumbramento parecia ser a solução para os Clubes brasileiros, mas não, as
parcerias ruíram e os nossos clubes, clubes verdadeiramente e não empresas como
queriam os investidores sofreram com o fim dos arrendamentos. Os nossos clubes
colheram alguns louros com tais grupos econômicos, mas depois veio o dilúvio e a
Lei Pelé que fora contestada por dirigentes e elogiada por grande parte dos
profissionais da imprensa e pelo Sindicato dos atletas deu uma nova cara ao
futebol nacional, uma solução que nunca ocorrera. Nasceu ali o empresário dono do jogador
fatiado, dando ao clube uma tarefa de formar para fazer no time principal a
jogar e talvez lucrar. Ao empresário cabe lucrar, somente lucrar, nada mais que
lucrar. O empresário dono de jogador visa lucrar bem mais do que se estivesse
investido em uma aplicação bancária qualquer. O Jogador ganha bem e está longe
de ser escravo, mas não deixou de ser mercadoria.
Eu não sou rodriguiano, mas creio
que se ele estivesse vivo não compactuaria com tal modernidade, mesmo sendo
grato à família marinho. O dramaturgo tricolor e “reacionário” iria brigar por
um futebol mais brasileiro, mais harmonioso, mais jogado, menos lucrativo,
porque seria ele um saudosista e não iria querer ver nenhum gigante entre os
grandes, nem mesmo o Fluminense. Que os 12 clubes grandes do Brasil não deixem as
altas cifras mudar o cenário futebolístico e que os demais clubes que pertenciam
ao Clube dos 13 e que não eram grandes lutem para se tornarem grandes como estes
acima citados, pois neste momento até mesmo o Bahia que é Bi Campeão brasileiro
continua como um time médio, talvez por não ser do Sudeste, pode ser, mas que o
Bahia faça bem mais do que já fez e só assim mostrará a sua força. O Bahia não é
grande porque nunca quis ser e preferiu a rivalidade regional com o Vitória do
que brigar para ser o 13° grande clube do Brasil.
O nosso futebol vive hoje um ótimo
momento, com mais dinheiro de receitas, mais visibilidade mundial, não só pela
Copa14 que aqui será, mas também pela grave crise no velho continente. Que todos
os dirigentes de Clubes saibam administrar e transformar dinheiro em títulos e
estruturas para os clubes e que Fluminense, Atlético Mineiro e Botafogo vençam a
Taça Libertadores da América, pois são estes os condenados a grandeza sem
conquistar o Continente.
O Corinthians nem bem começou a
receber as altas cifras e já tratou de pagar aos seus torcedores uma velha
dívida. Que os demais façam o mesmo e tenham juízo com o dinheiro da TV e demais
receitas e que entendam que tal cifra não advém da fartura.
Evandro Amaral Fernandes –
Guga.
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