terça-feira, 22 de maio de 2012

Discorrendo o futebol brasileiro sob a luz do enriquecimento tardio.

 
Mesmo que recorram ao fanatismo peculiar do futebol brasileiro, do infiel telespectador de TV aberta as quartas e domingos ou aquele de renda “mediana” que rompeu com a arquibancada para comprar o pacotão do pay-per-view. Sim, também tem os torcedores que se embrenharam nos fios dos gatos da TV em cabo ou no migué do satélite via aparelho Ching ling. Ah, são estes os torcedores do futebol brasileiro, daqueles que se dizem pentacampeões no esporte da bola de campo. Talvez todos estes não saibam explicar o rumo que está o futebol brasileiro. Eu me tornaria mais boçal do que os intelectuais dos estúdios de falsos carpetes persas, de ar condicionado ligado devidamente na temperatura adequada, se eu dissesse que nunca na história desse país os clubes tiveram tanto grana em seus cofres? Talvez sim, talvez não, eis a questão! - Os profissionais do jornalismo a beira do gramado eu não incluo, até porque são eles que têm a recusa de um argentino no “direito” ao gol do fantástico, ou nas Minas Gerais entrevistando algum que diz valer tudo, menos sexo gay. - Sim, esse discurso ao bem querer do sucesso parece ser do Lula e eu sou lulista do futebol e também acredito em uma reestruturação agradabilíssima ao olhar atento do amante de la pelota, ao menos para o meu clube de coração. La pelota não porque isso é coisa de argentino e argentino é ruim de bola, ruim porque tem a maldade aflorada em cada jogada. Aqueles branquelos e quase sempre cabeludos como moças ganharam mais Libertadores, mas é como o Corinthians, seus clubes tem os regionais, mas Mundial de Seleção que é o que vale o Brasil tem mais.Mentira, os hermanos são bons de bola. Pobres boçais, eis o que somos. A Parmalat comprou a alma alviverde e ao que me parece, carregou-a aos confins de um lugar escuro, onde deixou o Palmeiras em um estado puerperal após o “renascimento” de um clube sem arrendamento e ganhou um paulistinha em 2008, mas será mesmo que foi o Palmeiras ou foi o Jota Ávila? Teria o Palmeiras renascido, falecido ou encontra-se em coma? O Corinthians para sair da triste sina do brasileirão único do gordinho Neto, precisou arrendar o clube para um grupo estadunidense. Hicks Muse era o nome, se não me falha a memória, mas antes se uniu ao Banco Econômico, que virou Excel. Assim ganhou mais dois títulos do brasileirão e um questionado Mundial. Depois dessa empreitada, viu a administração do seu presidente idoso ruir, mas sem antes conquistar a quarta estrela do mais importante campeonato do país com a ajuda da MSI. Entre Corinthians e Palmeiras, surge o Santos e o sonho de sair dos prantos através de uma parceria aos moldes dos co-irmãos. Nem a Unicór que tentou ser mais que o patrocínio Máster de uma camisa com o inteligente Duprat, nem Alpha Clube, nem nada deu certo. Duprat é aquele santista que se tornou corintiano. Gastou-se com Rincón, Edmundo, Carlos Germano e outros tantos, mas saiu da penúria mesmo foi com os meninos de encanto, que ressurgem no milagre da multiplicação dos peixes. Parceiro na Vila mesmo só o herdeiro da TV e Universidade Santa Cecília, mas este foi mais que parceiro, foi dono do Clube por quase 10 anos. O São Paulo é outra conversa, aproximado da “social-burguês”, não quis saber de “teocra-parceria” e conquistou os seus principais títulos na década de 90 e não contente, continuou ganhando nos anos 2000, sempre com a solidez de uma boa base de garotos e no investimento de atletas com baixo custo e compromissados. Deu certo para os tricolores bandeirantes, só não se sabe se continuará ou se o Juju deixará. Certo mesmo é a velha mania da soberba que trasborda pelos muros do Morumbi. Lá pelos lados do Rio, o Flamengo também surfou na onda da ISL e hoje pela imensa grandeza, não consegue cadastrar as contas de seus funcionários no sistema bancário e por este motivo atrasa os salários de seus remunerados. Pelo Vasco passou o Eurico que há poucos dias disse a um jornalista que pegar não é roubar, pobre foi o Vasco e sua empreitada nos anos de poderio “euriquense”. Ganhou a Libertadores, mas e o que deixou de ganhar? - O Botafogo eu me recuso a citar detalhadamente, até porque a parceria com o apitador no meio dos anos 90 foi o que pior aconteceu em nosso cenário futebolístico, pelo menos para quem escreve este medíocre artigo, porque chorei naquele fatídico dia. Todo castigo é pouco para o clube da estrela solitária. Já o elitista Fluminense, recorre sempre ao plano de saúde toda vez que tem a sua saúde ameaçada e espanta-me em saber que o este tradicional clube do Rio não precisa da velha guia via fax para utilizar-se dos serviços da Unimed. Viva a saúde particular carioca, carioca não, Fluminense! E cadê o Bangu do Castor de Andrade? Em tempos de Cachoeira, sempre é bom lembrar-se do saudoso Bangu, que se perdeu no subúrbio. Talvez se tivesse ligação com o bicheiro da modernidade não estaria esquecido para todo o país. Quem sou eu para falar do Bangu, porque criticar o suburbano que tem mais fé em ganhar pequena quantia do bicho do que botar fé na casa lotérica no sonho de enriquecer, não é do meu feitio. Ao Ameriquinha eu deixo os meus pêsames. No Estado de Minas há dois grandes, um alvinegro e um celeste, detentores de três títulos brasileiros e alguns sul americanos, pelo lado azul, dois dos mais importantes, pelo lado do galo que canta mais baixo que a raposa tratando-se do quesito internacional, um sulmericano intermediário. Por lá também tem o coelho, mas este não arranca aplausos quando sai por algumas vezes da cartola. Estes acima que são os das Minas que já foram de ouro, hoje lutam para provar que a figura cristianizada de Tiradentes foi de herói nacional e não local e da pequena burguesia. No Rio Grande dos Pampas há dois enormes times, um azul, outro vermelho, mas diante da proximidade para com o solo argentino, os deixarei de lado. Por lá se vê garra e habilidade, mas os deixarei de fora. Na quinta comarca de São Paulo encontram-se três clubes tradicionais de Curitiba e um deles nem na divisão principal do regional está. São dois títulos nacionais e a angústia de não poder ser nem de São Paulo, nem de Minas, nem do Rio dos pampas, nem de Copacabana. Afugentaram-se para não dizer que os acanharam! – Eita Paraná que é confundido com o Pará na hora da TV pagar. No Norte o futebol virou ribeirinho, tão paupérrimo quanto os casebres de palafita, da maneira mais triste e preconceituosa que se possa discorrer. No Nordeste, Ah o Nordeste, de praias lindas, mulheres lindas, cultura imensa e rica, do Sport, do Ceará, do Náutico, do Fortaleza, do Santa Cruz das multidões, da mixaria da Televisão. Bahia não tem só praias lindas, tem também 2 títulos brasileiros e um Leão que vive para revelar bons jogadores. O Vitória poderia ser a vitória da base no futebol brasileiro, mais não é e revela apenas alguns bons jogadores.Hoje não temos um futebol profissional e empresarial em sua totalidade. Nossos clubes são verdadeiramente clubes e pode ser por isso que temos resquícios de centralização e regionalização à luz dos esbugalhados olhos dos gananciosos da mídia, mas se hoje precisamos do dinheiro dos marinhos, amanhã poderá chegar o dinheiro dos petrodólares, dos russos ou dos árabes. É totalmente crível e tudo pode acontecer. Bom mesmo seria se a Portuguesa da Capital paulista, tão tradicional quanto o pequeno Chelsea de Londres, recebesse uma boa quantia de algum herdeiro de antiga estatal petrolífera soviética, ou então se o Juventus da Rua da Mooca tivesse um Presidente de túnica, com os bolsos, gavetas e cofres cheios de dinheiro. Eu duvido que deixem algum muçulmano ou católico ortodoxo investir em um clube pequeno no Brasil, isso é tão sonho, quanto utopia. A nossa mídia, nossa hipocrisia e nossa benevolência ao bem querer do sempre igual travaria tal empreitada. Por aqui surgiram vários novos dirigentes e caíram alguns velhos de pensamento e administração arcaica. Caiu até o Ricardo Teixeira, aquele mesmo que no fim da década de 90 dissera que não conhecia o Mano Brown para defender o então magro atacante da seleção, o R9, de uma declaração do rapper sobre a ostentação descabida. Claro que o Teixeira não conheceria, pois ele é um genro ou ex, sei lá, Ricardo Teixeira é parente do Imperador do futebol brasileiro, o mesmo notabilíssimo Senhor, “Doutor”, que presidiu a CBD, CBF e passou o bastão para o querido parente. Mas isso não é nepotismo, até porque futebol não é órgão público. O futebol brasileiro é privado, ou melhor, privativo! A importância esportiva do Doutor Ricardo jamais o deixaria conhecer um artista de um gueto da zona sul de São Paulo. Nem se fosse o Cartola ele conheceria e acho que nem de bola o genro do Havelange conhecia. Foi tarde, tardou, mas não falhou. Daqui pra frente tudo vai ser diferente, como diria a canção. Ah vá, você acredita? – Assim questionaria o volante Fabrício. Com dinheiro, dólar ou euro, o nosso real na real será sempre a mesmice, seja tomando o champanhe negro da cor do petróleo, ou brigando por uma miséria televisa que nos faz acreditar que somos mais endinheirados do que realmente somos. A parceria ou as altas cifras podem ser benéficas, mas botar fé em ética já é pedir muito. Um brinde aos ricos clubes e um extremo pesar aos pobres times do Brasil. Ponderações finais: Informo para todos os fins e afins que este artigo se aproxima de uma forma “pejorativa” e está entrelaçado ao regionalismo enraizado. Longe de discorrer dentro da maiêutica socrática, quero crer que os leitores, se é que existirá algum leitor para este artigo, usufruirão da ironia e formarão as suas próprias opiniões. Longe da intelectualidade, eu continuo caminhando na estrada de irrelevância e desta forma, finalizo.

Evandro Amaral Fernandes – Guga.

Um comentário:

  1. Desculpem-me o texto corrido, sem os devidos parágrafos. Eu ainda não sei mexer com essa nova configuração do Blog. Mudaram o padrão das postagens e pioraram o serviço.

    ResponderExcluir